domingo, 18 de outubro de 2009

Nouvelle Vague

Entre um filme e outro, nada impede que conversemos sobre a história do cinema, seus diretores e suas curiosidades...


Entre os anos quarenta e cinqüenta, o cinema francês se parecia muito com um teatro filmado. Os filmes tinham as falas declamadas e não atraíam o público. Eram, em sua maioria, politizados, lentos, pessimistas e extremamente acadêmicos.

Nos anos 50, um grupo de jovens incomodados com o rumo do cinema na França (entre eles François Truffaut e Jean-Luc Godard), sob a orientação do crítico e teórico André Bazin, passa a freqüentar as salas da cinemateca francesa, com o intuito de assistir filmes durante todo o dia e analisá-los. Para eles, o cinema deveria ter riqueza artística e “ser mais vivo e sintonizado com seu tempo”. Para divulgar essas idéias, André Bazin lançou uma revista chamada Cahiers du Cinéma, que é até hoje a publicação mais respeitada sobre críticas cinematográficas. Surgia aí um dos movimentos mais importantes de todos os tempos, a Nouvelle Vague, o cinema realizado por críticos.

Os idealizadores deste movimento apostavam nas produções de baixo orçamento, na ousadia da linguagem, na pesquisa de uma nova fotografia e, principalmente, numa nova poética. Não lhes interessava retratar os conflitos sociais daquela época (Guerra do Vietnã e independência da Argélia, por exemplo), preferiam aprofundar na questão existencialista de suas personagens. Por esse motivo, foram considerados alienados por muitos, mas provando o contrário, em maio de 1968 pararam o Festival de Cannes em solidariedade aos revoltosos que protestavam em Paris, contra o governo francês.

Com a Nouvelle Vague, a concepção de direção cinematográfica mudou, já que uma das principais idéias (e mais controversas) é a “Política dos Autores”. Se antes o diretor desempenhava apenas o papel técnico de coordenar a filmagem, agora ele deveria mostrar nos filmes a sua visão de mundo e imprimir sua marca, para que quem os assistisse soubesse a que cineasta pertenciam. O diretor seria totalmente responsável pela qualidade do filme. Essa idéia foi contradita por críticos que questionavam a idéia de “diretores sendo vistos como autores” e diziam que os filmes não deveriam levar a marca de uma só pessoa, pois existem varias outras coisas que influenciam no resultado final, como o roteiro, as atuações, entre outros. O fato é que com a “Política dos Autores”, cada integrante do movimento seguiu um rumo diferente, pois todo diretor tinha suas particularidades e não desejava que seus filmes fossem parecidos com os de outras pessoas.

Exemplificando muito bem a Nouvelle Vague, cito dois diretores cruciais para o movimento: François Truffaut e Jean-Luc Godard. O primeiro, considerado o cineasta do amor, lançou em 1959 o filme “Os Incompreendidos”, que surpreendeu o Festival de Cannes e levou o prêmio de melhor direção. Ele conta a história de Antoine Doinel, um pré-adolescente que devido à sua difícil relação com os pais, começa a faltar às aulas para ir ao cinema e cometer pequenos furtos. Já Godard trilhou caminhos opostos quando decidiu que sua marca seria a desconstrução da narrativa cinematográfica. Em seus filmes, ele aparece lendo textos, a câmera é vista de relance e vozes são ouvidas em off. A exemplo, “Alphaville” de 1964, que diz respeito de uma cidade onde os sentimentos foram abolidos. Ambos os diretores ousaram fazer um cinema moderno e nunca visto antes, que refletiria na poética cinematográfica brasileira.

2 comentários:

Unknown disse...

Felipe, comecei a frequentar seu blog! ta mto legal, e otimo ver como que o outro pode ter uma percepcao completamente diferente da sua, e as vezes mais rica! admiro demais vc por conseguir manter o blog ativo e vivo. beijos da jusca

Felipe disse...

Jus, vc é linda *-*
Muito Obrigado =D
Venha visitar de vez em quando que eu tenho certeza que podemos fazer umas discussões muito legais!
Beijos!