domingo, 18 de outubro de 2009

Alphaville (Jean-Luc Godard)


Vamos à primeira Análise...

Em 1964 era lançado “Alphaville”, de Jean-Luc Godard. Nos créditos iniciais, já se advertia: “Uma estranha aventura de Lemmy Caution”.

O filme se passa num ambiente futurista e conta a história de um agente disfarçado de jornalista que viaja para a cidade de nome Alphaville. O lugar começa a se revelar extremamente estranho quando o agente, chamado Lemmy Caution, descobre que o computador Alpha 60 tomou o poder e proíbe qualquer tipo de manifestação emocional. Quem desobedece é executado. Com o tempo, os habitantes da cidade se acostumaram a “não sentir”, e isso se tornou parte da sua natureza.

Seguindo um estilo noir e apresentando imagens realmente perturbadoras, Godard viaja por campos da sociedade moderna e denuncia a frieza das relações, cada vez mais presente. Um filme que se mantém atual, apesar de tantos anos terem se passado.

O que mais chama a atenção, é que nada está presente por acaso. A construção visual somada com o roteiro resultam numa poética metafórica, que tem várias formas de interpretação. O olhar sobre o filme é extremamente particular, não havendo certo e errado.

“A realidade é muito complexa para ser transmitida pela tradição oral”. Essa é a frase de início do filme. O diretor nos mostra durante todo o tempo, cenas que contrastam a repressão e a resistência. É proibido chorar, é proibido sorrir, as mulheres servem apenas para o sexo, relações não são estabelecidas, palavras “perigosas” são abolidas do dicionário. As pessoas seguem suas vidas sem questionar. Já os questionadores (os poetas, os artistas, os pintores...), quando não são executados, passam a apresentar estranhos sintomas: a memória falha, a voz não consegue mais pronunciar certas palavras, sentem falta de ar e cometem suicídio. É a doença do silêncio.

Godard nos mostra que o sentimento deve prevalecer, e que devemos sempre dar voz ao que nos diferencia dos bichos: a razão. O computador Alpha 60 simboliza a insensibilidade, a busca avassaladora pelo conhecimento e o medo da emoção se sobrepor à razão. Alphaville simboliza a massa alienada que preenche o mundo e que toma suas decisões de acordo com “a direção do vento”. A resistência representa a arte, que tem o dever de levar a sensibilidade às pessoas, de conscientizá-las, de incomodá-las e de problematizar a realidade.


Discutamos!

Boa Noite!

Bons Sonhos!

Passem bem e até a próxima!


Próximo filme: Os Incompreendidos

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