terça-feira, 15 de dezembro de 2009

A Igualdade é Branca - Krzysztof Kieslowski


“Enquanto houver a incompreensão, homens e mulheres viverão a desigualdade”

Na segunda parte da Trilogia das Cores, vemos a personagem principal (Karol Karol) cheia de dúvidas, sentindo-se deslocada e desajeitada.

Karol Karol é marido de Dominique, uma mulher rancorosa e perigosa que decide se separar após o início da impotência sexual do esposo. Seu “predatismo” é exemplificado nos menores gestos, como a forma dela gesticular o “tchau”. A impotência sexual do homem pode ser entendida como sua impotência em relação ao mundo em que vivia naquele momento.

Karol é polonês e, mesmo morando na França, não sabe falar francês. Por conta disso, na sua auditoria de divórcio, ele é enormemente prejudicado, sendo impedido de falar. Essa auditoria é a mesmo que Julie, no filme “A Liberdade é Azul”, entra por engano. Aqui, Kieslowski nos remete novamente ao acaso.

O Juiz acaba aprovando o divórcio e Karol decide se vingar. Durante todo o filme, a personagem principal é exposta aos mais diversos tipos de humilhação, que evidenciam vários tipos de desigualdades: econômica, étnica, política, social, dentre outras. Por isso essa película é a mais política da trilogia.

“O homens não são, nem querem se iguais”

K. Kieslowski

O diretor brinca todo o tempo com elipses temporais. Como uma cena de Dominique abrindo uma porta, que é mostrada duas vezes, porém em tempos cronológicos diferentes. Nas duas vezes em que a cena descrita acontece, Karol está brincando com uma moeda de dois francos, o que nos faz estabelecer ligações quase inconscientes e refletir sobre a relação cronológica do filme com sua estória.

Parênteses sobre uma coisa que não se encaixou no texto: Karol rouba um busto de uma vitrine que sempre nos remete à Dominique.

No fim do filme, o plano de vingança de Karol funciona: ele transa com Dominique (numa linda cena em que o orgasmo é simbolizado pelo branco, que é a junção de todas as cores. Isso nos faz pensar que esse é um momento em comum, no qual somos todos iguais) e no dia seguinte ela vai para a prisão.

Karol a visita na cadeia numa cena bela e forte em que Dominique diz, por gestos, que ainda o ama. No fim das contas, ambos terminam igualmente: A mulher presa literalmente e seu marido preso no esquecimento da morte.




Um comentário:

Unknown disse...

Blanc é o meu preferido ;). Parabéns pelo Blog! Muito coerente e sugestivo. Continue postando =D