sexta-feira, 23 de abril de 2010

Pedro Almodóvar

Almodóvar começou sua carreira na Espanha como a representação do movimento “La Movida Madrileña” na sétima arte. “La movida” se concretizou nas capitais no final da década de 70, após a morte do ditador Franco. O clima era de liberdade. Após anos tão densos, ninguém queria fazer arte com compromisso político. A idéia era de libertação, de prazer e de aproveitar a vida. Assim, vieram obras muito coloridas e vívidas. Também era um tempo de abertura sexual. A mulher ganhava mais destaque no contexto da Espanha e começava um processo de aceitação da homossexualidade.
Nesse âmbito, o diretor ganhava fama. Suas estórias eram baseadas nos tempos em que fora funcionário público e drag queen. Sua carreira se divide em duas principais partes: a década de 80, quando fazia comédias escrachadas, porém com grande refinamento. A exemplo, “Pepi, Luci, Bom y Otras Chicas del Montón”, “Maus Hábitos” e “Que Fiz eu Para Merecer Isso?” Já a segunda fase, é marcada por uma preocupação em discutir a condição humana, sem nunca abandonar os elementos de comédia. O resultado são filmes de intensa dramaticidade sobre assuntos que tocam a todos nós. Identificamos-nos com eles, de uma forma ou de outra. Destes, podemos citar “Tudo Sobre Minha Mãe” (vencedor do Oscar), “Fale com Ela” e o mais recente “Os Abraços Partidos”.
Seus assuntos sempre foram polêmicos. Sua capacidade de discutir temas tabus com grande naturalidade sempre foi seu forte. Dentre os assuntos recorrentes encontram-se a homossexualidade, os travestis, o uso de drogas, a doação de órgãos e o que tomamos como valores morais. As situações absurdas encontradas em suas películas o permitem discutir suas questões profundamente, porém de forma divertida e emocionante ao mesmo tempo. Sem nunca abandonar o humor, Almodóvar nos guia por caminhos contidos em nós mesmos, pelos quais só a arte pode nos acompanhar.

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